“Urgência de um corpo livre do seu enredo”: a Ninfa e o tempo na poesia de Tatiana Faia

Palavras-chave: Tatiana Faia, Poesia portuguesa contemporânea, Ninfa, Sobrevivência

Resumo

Este artigo propõe uma leitura de dois livros da poeta portuguesa Tatiana Faia – Leopardo e abstracção (2020) e Adriano (2022) – reconhecendo aí aparições da figura da Ninfa, estudada por Aby Warburg e retomada por Georges Didi-Huberman como alegoria teórica que mobiliza um pensamento desestabilizador sobre o tempo e sua lógica. Insistente e fluida, reincidente e metamórfica, a Ninfa atravessa a história da cultura, criando dobras entre tempos e entre textos, promovendo cruzamentos críticos do passado e do presente. Gesto reflexivo que parece especialmente caro para uma poeta contemporânea que também se dedica aos estudos clássicos.

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Biografia do Autor

Mônica Genelhu Fagundes, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

É Professora Associada de Literatura Portuguesa na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Doutora em Literatura Comparada pela UFRJ. Sua área de pesquisa são os Estudos Interartes, e seus interesses de investigação concentram-se em teorias da imagem e em diálogos entre literatura e artes visuais, com foco na poesia portuguesa moderna e contemporânea. Regente da Cátedra Jorge de Sena (UFRJ), no triênio 2023-2026, e membro do Polo de Pesquisas Luso-Brasileiras do Real Gabinete Português de Leitura.

Referências

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Publicado
2024-01-07
Como Citar
Genelhu Fagundes, M. (2024). “Urgência de um corpo livre do seu enredo”: a Ninfa e o tempo na poesia de Tatiana Faia. Convergência Lusíada, 35(51), 149-191. https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n51a1073