Moderna matriarca: Dona Ivone Lara

Palavras-chave: Samba, Identidade nacional, Dona Ivone Lara

Resumo

O artigo, atravessado pela discussão da interseccionalidade, busca deline­ar uma breve contextualização quanto ao surgimento do samba e a sua indissociabilidade da voz feminina negra, aqui representada pela figura de Dona Ivone Lara. Neste cenário, de um lado, temos um Brasil que se quer moderno e que anseia por um elo que conecte o país; do outro, temos os Oito Batutas levando o samba a Paris. É o inevitável: o samba como ele­mento essencial para pensar o Brasil nacional e internacionalmente. No centro de uma narrativa hegemônica, urge o eu vocalizado pelo sujeito negro; urge o “eu vim de lá, eu vim de lá, pequeninha” (Lara, 1981, faixa 03) corroborando o rompimento da história única.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Leonardo Davino, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

É doutor em Literatura Compa­rada e professor Associado de Literatura Brasileira na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Procientista UERJ/FAPERJ. Desenvol­ve pesquisa sobre poesia e vocoperformance. Coordena o Laboratório de Estudos de Poesia e Vocoperformance. É autor dos livros Canção: a musa híbrida de Caetano Veloso (2012); De Musas e Sereias: a presença dos seres que cantam a poesia (2021); Domingou apandemia (2022); e Do poema à canção: a vocoperformance (2023).

Maria Verônica da Silva, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

É professora, especialista e mestra em Li­teratura Brasileira pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Integra a coordenação do LetrasPretas, projeto vinculado à UERJ, que tem como objetivo estudar a produção intelectual e cultural de mulheres ne­gras. É bolsista Proatec – núcleo de produção textual e radiofônica, uma parceria com o Centro de Tecnologia Educacional/Rádio UERJ, responsá­vel pela elaboração e revisão dos roteiros do podcast.

Referências

ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo da história única. Trad. Julia Romeu São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

ALBUQUERQUE, Wlamira R. de; FRAGA, Walter filho. Uma história do negro no Brasil. Salvador: Centro de Estudos Afro-Centrais; Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006.

BÂ, Amadou Hampaté. A tradição vida. In: KI-ZERBO, Joseph. História geral da África I: metodologia e pré-história da África. Brasilía: Unesco, 2010. p. 167-212.

BURNS, Mila. Nasci para sonhar e cantar Dona Ivone Lara: a mulher do samba. Rio de Janeiro: Record, 2009.

CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

CARNEIRO, Sueli. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2011.

DEALTRY, Giovanna. No fio da navalha: visões da malandragem na literatura e no samba. Rio de Janeiro: Casa Palavra, 2009.

DELEGADO Chico Palha. Compositores: Tio Hélio e Nilton Campolino. Intérprete: Zeca Pagodinho. In: ÁGUA da minha sede. Intérprete: Zeca Pagodinho. Rio de Janeiro: Universal Music, 2000. 1 CD, faixa 03.

EVARISTO, Conceição. Da representação à autoapresentação da Mulher Negra na Literatura Brasileira. Revista Palmares, 2005.

GONZAGA, Luiz. A história do nordeste na voz de Luiz Gonzaga [LP]. RCA Victor, 1956.

GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.

HALL, Stuart. A identidade cultural da pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

LARA, Dona Ivone. Quem samba fica? Fica. [LP]. Odeon, 1974.

LARA, Dona Ivone. Sorriso negro [LP]. WEA, 1981.

LOPES, Nei; SIMAS, Luiz Antonio. Dicionário da história social do samba. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

MANGUEIRA, Xangô da. Chão da Mangueira [LP]. Tapecar, 1976.

PAZ, Francisco Phelipe Cunha. Memoría, a flecha que rasura o tempo: reflexões contacoloniais desde uma filosofia africana e a recuperação das memórias usurpadas pelo colonialismo. Problemata: R. Intern. Fil. v. 10. n. 2, 2019, p. 147-166. Disponível em: ISSN 2236-8612 doi: http://dx.doi.org/10.7443/problemata.v10i2.49127. Acesso em agosto. 2023.

POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 200-212.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento/ Justificando, 2017.

SANTOS, Katia. Ivone Lara a dona da melodia. Rio de Janeiro: Garamond: Fundação Biblioteca Nacional, 2010.

SIMAS, Luiz Antonio. Dos arredores da praça onze aos terreiros de oswaldo cruz: uma cidade de pequenas áfricas. Z Cultural. 2016. Disponível em: http://revistazcultural.pacc.ufrj.br/dos-arredores-da-praca-onze-aos-terreiros-de-oswaldo-cruz-uma-cidade-de-pequenas-africas/. Acesso em: nov. 2023.

SODRÉ, Muniz. Samba, o dono do corpo. Rio de Janeiro: Mauad, 1998.

TATIT, Luiz. Dicção do Cancionista. In: TATIT, Luiz. O cancionista: composição de canção no Brasil. São Paulo: Endusp, 1996. p. 09-28.

TINHORÃO, José Ramos. Música popular um tema em debate. São Paulo: Ed. 34, 1997.

WERNECK, Jurema Pinto. O samba segundo as Ialodês: Mulheres negras e a cultura midiática. Orientadora: Liv Rebecca Sovik. 2007. Tese (Doutorado em comunicação) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.

WISNIK, José Miguel. A república musical modernista. In: ANDRADE, Gênese. Modernismos 1922-2022. São Paulo: Companhia das Letras, 2022. p. 170-195.

Publicado
2024-04-21
Como Citar
Oliveira, L. D. de, & da Silva, M. V. (2024). Moderna matriarca: Dona Ivone Lara. Convergência Lusíada, 35(Esp.), 94-117. https://doi.org/10.37508/rcl.2024.nEsp.a1262