“Hoje somos festa, amanhã seremos luto” – uma leitura da favela em Drummond e MC Smith

  • Artur Vinicius Amaro dos Santos Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Palavras-chave: Drummond, Funk Carioca, Necropolítica, Favela

Resumo

Neste texto, pretendo aproximar a 12ª estância do poema “Favelário Na­cional”, de Carlos Drummond de Andrade, presente no livro Corpo (1984), e a música “Vida Bandida Parte 1”, de MC Smith e composição de Thiago dos Santos (Praga), que, mesmo sendo distantes temporalmente e escritas de duas perspectivas sociais distintas, abordam como o capitalismo, a vio­lência e o racismo constroem novas formas de morte e luto no indivíduo. Em ambos é possível ver como o Estado, a partir do conceito de Necro­política (2018), delimita as condições do indivíduo. Essa análise, portanto, volta-se a pensar sobre os corpos marginalizado em Drummond e em MC Smith, refletindo sobre a favela a partir do que diz Franz Fannon em Os condenados da terra (2022) sobre a divisão entre a cidade do colonizador e cidade do colonizado. Assim, é possível perceber em ambos os escritos que o Estado brasileiro oferece, de diversas formas, opressão a determi­nados corpos que, mesmo com a morte e o luto entrelaçados ao lugar, festejam porque existem e quando não festejam é como se não existissem.

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Biografia do Autor

Artur Vinicius Amaro dos Santos, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

É Mestre em Letras: Ciência da Literatura – Literatura Comparada pelo PPGCL/UFRJ, onde analisou a relação da cidade do Rio de Janeiro com o Funk do Complexo da Penha – ZN. Atualmente está no Doutorando em Letras: Letras Vernáculas – Li­teratura Brasileira pelo PPGLEV/UFRJ, onde estuda as imagens do Orixá Exu – do panteão Iorubá-nago – como imagens de brasilidade na obra do escritor Jorge Amado. Também é pesquisador da Cátedra Jorge de Sena de estudos Luso-Afro-Brasileiros da UFRJ.

Referências

ANDRADE, Carlos Drummond. Corpo. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

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FILHO, Orlando Cariello. As políticas federais de habitação no Brasil (1964 a 2002) e a reprodução da carência e da escassez da moradia dos trabalhadores. 2011. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, Brasília (DF), 2011

MARTINS, Leda Maria. Performances do tempo espiralar, poéticas do corpo-tela. Rio de Janeiro: Cobogó, 2021.

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SIMAS, Luiz Antônio & RUFINO, Luiz. Fogo no mato: a ciência encantada das macumbas. – 1° ed. – Rio de Janeiro: Mórula, 2018.

VIDA bandida. Intérprete: MC Smith. Compositor: de Thiago dos Santos (Praga). Rio de Janeiro (Chatuba, Complexo da Penha), 26 de jul. 2009. Soundcloud: @carlos-palombini. Disponível em: https://soundcloud.com/carlos-palombini/mc-smith-vida-bandida-dj-byano-ao-vivo-na-chatuba. Acesso em: 14 mar. 2024.

Publicado
2024-04-21
Como Citar
Santos, A. V. A. dos. (2024). “Hoje somos festa, amanhã seremos luto” – uma leitura da favela em Drummond e MC Smith. Convergência Lusíada, 35(Esp.), 250-267. https://doi.org/10.37508/rcl.2024.nEsp.a1315