Que delícia de nação! A comunidade imaginada por Carlos Malheiro Dias no final do Oitocentos

  • Andreia Alves Monteiro de Castro Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) http://orcid.org/0000-0002-2586-6789
  • Nicole Christine Costa Ferreira Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Palavras-chave: memórias, Caoleção Malheiro Dias/RGPL, Identidade, Literatura oitocentista, Mestiçagem

Resumo

O artigo tem por objetivo analisar as razões do apagamento do romance A Mulata (1896), de Carlos Malheiro Dias (1875-1941), com produção, circulação e consumo no Brasil. O escritor português, ao representar, a seu modo, o Brasil através da recorrente imagem estereotipada vinculada às mestiças, acabou por contradizer um projeto de nação “imaginado” por políticos, intelectuais e artistas no final do século XIX. A controvérsia atraiu tanto a atenção dos leitores, fazendo com que o romance fosse reeditado poucos meses após a sua primeira publicação, quanto da crítica, que fez com que o “romance de fogo” fosse maldito nas páginas dos jornais. Como o romance e o autor encontram-se bastante obliterados, a pesquisa na Coleção Malheiro Dias/RGPL é incontornável para as análises pretendidas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Andreia Alves Monteiro de Castro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

É Professora Adjunta de Literatura Portuguesa e de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa no Instituto de Letras da UERJ (2019). Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2017). Mestra em Literatura Portuguesa pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2010). Graduada em Letras-Português e Literaturas de Língua Portuguesa - pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2007). Co-líder do grupo Pesquisas Literárias Luso-Brasileiras do Real Gabinete Português de Leitura. Membro associado ao Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Nicole Christine Costa Ferreira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

É Graduanda em Letras-Português e Francês pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Bolsista de Iniciação Científica (CNPq) no projeto “Brasil, Nação Mulata: Memória, Corpo e Identidade”, coordenado pela Prof.ª Andreia Castro. Membro do grupo Pesquisas Literárias Luso-Brasileiras, sediado no Real Gabinete Português de Leitura.

Referências

AGOSTINI, Ângelo. Revista Ilustrada, 18 mar. 1876, ano I, n. 12, p. 4-6.

ALENCAR, José de. Iracema. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967.

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. Rio de Janeiro: Ática, 2009.

BILAC, Olavo. Fantasio na Exposição. II – A Redenção de Cam. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 05 set. 1895, p. 1.

BILAC, Olavo. Crônica. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 03 out. 1897, p. 1.

BROCOS, Modesto. A redenção de Cam. 1895. Óleo sobre tela, 199 cm x 166 cm. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra3281/a-redencao-de-cam. Acesso em: 04 mar. 2022.

CASTELO BRANCO, Camilo. Coração, cabeça e estômago. In: CASTELO BRANCO, Camilo. Obras seletas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1960.

CHORÃO, João Bigotte. Carlos Malheiro Dias na ficção e na história. 1. ed. Lisboa: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa Divisão de Publicações, 1992.

CUNHA, Herculano Augusto Lassance. Dissertação sobre a prostituição em particular na cidade do Rio de Janeiro. Tese apresentada à Faculdade de Medicina. Tipografia Imparcial de Francisco de Paula Brito, Rio de Janeiro, 1845.

DIAS, Carlos Malheiro. A mulata: romance. Rio de Janeiro: Livraria do Povo, Quaresma & C., 1896.

DIAS, Carlos Malheiro. Corações de Todos: drama em 5 atos. Lisboa: Imp. Libânio da Silva, 1897.

DIAS, Carlos Malheiro. A Mulata. 1ª ed. Lisboa: Editora Arcádia, 1975.

EVARISTO, Conceição. Gênero e etnia: uma escre(vivência) de dupla face. In: MOREIRA, Nadilza; SCHNEIDER, Liane (Orgs.). Mulheres no mundo: etnia, marginalidade, diáspora. João Pessoa: Ideia: Editora Universitária - UFPB, 2005, p. 201-212.

GARRET, Almeida. O brasileiro em Lisboa. A Ilustração, Lisboa, v. I, n. 4, p. 53-54, 1845.

GUIMARÃES, Bernardo. Rosaura, a enjeitada. Rio de Janeiro: Garnier, 1883.

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. Petrópolis: Ed. Vozes, 1999.

O MOSQUITO, 23 ago. 1873, ano V, n. 206, p. 4.

PINHEIRO, Rafael Bordalo. O Mosquito. 11 set. 1875, ano VII, n. 313, p. 3.

REVISTA da Semana. 15 set. 1915, Ano XVI, n. 31, p. 33. Recorte presente na Coleção Malheiro Dias/RGPL.

REVISTA da Semana. 27 abr. 1918, Ano XIX, n. 12, p. 20. Recorte presente na Coleção Malheiro Dias/RGPL.

REVISTA da Semana. 08 jul. 1920, Ano XXI, s/ n. Recorte presente na Coleção Malheiro Dias/RGPL.

REVISTA da Semana 14 ago. 1920, Ano XX, s/ n. Rio de Janeiro: Editora Americana.

REVISTA da Semana 20 jan. 1917, Ano XVIII, n. 50. Rio de Janeiro: Editora Americana.

REVISTA da Semana 24 mar. 1917, Ano XVIII, n. 07. Rio de Janeiro: Editora Americana

SANTANNA, Affonso Romano de. O canibalismo amoroso. São Paulo: Brasiliense, 1984.

SOUSA, Cristiano de. In: DIAS, Carlos Malheiro. Corações de Todos. Lisboa: Imp. Libânio da Silva, 1897, p. 6.

TORRES, Alexandre Pinheiro. Prefácio. In: DIAS, Carlos Malheiro. A Mulata. 1ª ed. Lisboa: Editora Arcádia, 1975.

Publicado
2023-11-13
Como Citar
Alves Monteiro de Castro, A., & Christine Costa Ferreira, N. . (2023). Que delícia de nação! A comunidade imaginada por Carlos Malheiro Dias no final do Oitocentos. Convergência Lusíada, 34(50), 193-216. https://doi.org/10.37508/rcl.2023.n50a530